Contrato intermitente como funciona? Descubra

Afinal, contrato intermitente: como funciona? O modelo pauta-se na prestação de serviços descontínua e esporádica, com períodos de inatividade do trabalhador. O trabalho intermitente é previsto pela Lei 13.467 e pela Portaria n.° 671, estabelecendo vínculo empregatício entre as partes e relação de subordinação.

contrato intermitente com funciona
Entender o contrato intermitente como funciona permite que a empresa reduza os custos de contratação de profissionais em períodos de menor demanda, além de outras vantagens – Foto: Freepik.

Nos mais diversos setores da economia brasileira, a sazonalidade e o aumento esporádico de demandas são fatores que, por muito tempo, levaram as empresas e negócios a contratarem profissionais temporários. Popularizado como “bico”, essas prestações de serviços se caracterizam pela informalidade e pela atividade eventual e pontual.

Para tanto, em vias de reduzir os altos índices de irregularidade, criou-se o trabalho intermitente a partir da Lei 13.467/2017. O objetivo é que a modalidade sirva como uma alternativa às empresas que necessitam do trabalho esporádico, sem prejudicar as companhias e os trabalhadores — mas sim oferecendo vantagens para ambos.

Desde então, os índices de adesão ao contrato intermitente têm aumentado anualmente. Dados do Novo Caged mostram que, ao longo de todo o ano de 2023, totalizaram-se 336.399 admissões no modelo, fechando com um saldo positivo de 86.054 sobre os desligamentos.

A mesma fonte traz que, até o mês de julho de 2024, o trabalho intermitente já conta com 137.598 admissões, com saldo positivo de 27.504. Mas, afinal, o que é trabalho intermitente e como o modelo se aplica na prática?

Para te ajudar a entender contrato intermitente como funciona, preparamos este conteúdo completo especialmente para você. Continue conosco até o final e boa leitura.

O que é trabalho intermitente?

O trabalho intermitente é a prestação de serviços esporádica e descontínua, com períodos de inatividade que se alternam com os de atividade do profissional. Ainda com essas particularidades, o modelo estabelece vínculo empregatício e prevê subordinação.

O conceito se inspira no inglês zero hours contract (contrato de zero horas, nome que a modalidade recebe no Reino Unido), no qual o contratante não é precisa oferecer qualquer mínimo de horas de atividade ao profissional contratado.

No Brasil, o trabalho intermitente foi formalizado pela Lei 13.467/2017, e recebeu um maior amparo constitucional pela Portaria n.° 671 em 2021. Contudo, para pontos e detalhes ambíguos ou omissos nestes textos legais, utilizam-se as disposições da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Conforme o artigo 443 da Lei 13.467:

“Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador”.

Assim, o trabalho intermitente visa reduzir as taxas de trabalho informal, oferecendo uma alternativa de contratação legal às empresas que lidam com o aumento esporádico, eventual e pontual da demanda. Dessa forma, não se recorre à contratação irregular, bem como não se faz necessária a admissão de um trabalhador em tempo integral por um período de demanda passageira.

Por isso, as principais características do trabalho intermitente foram pensadas para suprir as necessidades dos contratantes e dos trabalhadores, visto que se adequa à área de atuação, ramo empresarial e porte da empresa.

Qual a opinião dos especialistas sobre o trabalho intermitente?

O trabalho intermitente é pauta de diversos debates e discussões entre os especialistas, sobretudo por conta de suas particularidades. Para José Carlos Wahle, advogado trabalhista:

O contrato intermitente não deveria precarizar quem tinha um contrato normal, mas sim trazer para a CLT aquele que vivia de bico. Na prática, porém, ele tem sido usado como manobra para evitar o trabalho formal convencional.

O principal debate é até que ponto das relações trabalhistas o trabalho intermitente tem sido usado como um reforço reall ao quadro de profissionais já existente na empresa.

A juíza Noêmia Porto, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), defende que o trabalho intermitente tem sido adotado por empresas com demanda permanente, em vez de negócios com atividade econômica intermitente – alguns exemplos são os fabricantes de ovos de páscoa ou organizadores de eventos.

Ele [o trabalho intermitente] pode ser utilizado de forma que favoreça a empresa, que precisa de mais funcionários em determinados dias, e o próprio trabalhador, que pode se beneficiar dessa flexibilidade. Nas nossas negociações coletivas, temos tomado o cuidado para que isso não ocorra de forma a precarizar o trabalho.
– Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UTG).

A mesma defesa de benefício aos profissionais é apresentada pela advogada Karolen Gualda Beber, especialista em Direito do Trabalho, que diz:

As empresas, além da economia, podem diversificar seus profissionais criando possibilidades e gerando novos talentos. Já o profissional contratado pode firmar vários contratos, adquirindo experiências e ampliando suas habilidades e competências.

Contrato intermitente como funciona na prática?

O trabalho intermitente funciona como um reforço ao quadro de profissionais da empresa. Por isso, ele ajuda a suprir a demanda de atividade em períodos de maior fluxo de clientes e negócios, atendendo a diferentes áreas e necessidades.

O primeiro passo é contratar um trabalhador intermitente, seguindo as 3 etapas comuns às demais modalidades contratuais: elaboração de um contrato de trabalho, assinatura da Carteira de Trabalho e registro no eSocial. Lembre-se de deixar o caráter intermitente das atividades claro e explícito nos documentos e canais oficiais.

O trabalho em si apenas ocorre mediante convocação prévia do profissional. Dessa forma, sempre que houver demanda, você convoca o intermitente em até 72 horas anteriores ao início previsto. O contato pode ser por qualquer meio de comunicação eficaz, de acesso mútuo entre as partes, que permita o acordo de detalhes pré-convocatórios.

Alguns exemplos de meios de comunicação para convocação são:

  • WhatsApp;
  • E-mail;
  • Messenger;
  • Qualquer chat desenvolvido pela empresa.

O trabalhador intermitente pode aceitar ou recusar o chamado, de acordo com sua rotina e agenda pessoal, em até 24 horas. Atenção: a recusa não se caracteriza como insubordinação ou rompimento do contrato, de modo que o empregador não pode aplicar punições.

Com o encerramento das atividades, é hora de pagar o profissional, proporcional ao total de horas trabalhadas e com incidência de encargos como férias e 13° salário proporcionais, FGTS, INSS, etc. Depois, ele fica inativo da empresa — por dias, semanas ou meses — até receber uma nova convocação.

Além disso, não há exclusividade contratual. O intermitente pode manter contrato com quantas empresas quiser e, enquanto estiver inativo de uma, pode exercer atividade para outra.

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Exemplo de contrato intermitente como funciona

Para te ajudar a entender melhor o contrato intermitente como funciona, preparamos um exemplo prático.

Suponhamos que você é dono de um restaurante em sua cidade. Durante a semana, o movimento não é elevado, mas o cenário muda nos dias de sexta-feira, sábado e domingo. Com o aumento de fluxo de clientes, você identifica uma dificuldade em atender a todos os consumidores, visto que nem sempre o seu quadro de profissionais é suficiente para suprir tanta demanda.

Contudo, a contratação de novos trabalhadores em tempo integral pode trazer um grande prejuízo ao seu negócio, visto que o aumento é pontual durante três noites na semana, com baixo movimento nos demais dias.

Neste caso, o contrato intermitente é a solução que você precisa. Você pode contratar trabalhadores intermitentes em quaisquer função — garçom, balconista, chef, auxiliar de cozinha, entre outros — e apenas os convocar para prestar serviços durante os fins de semana. Assim, nos demais dias, eles ficam inativos.

O pagamento, por sua vez, é proporcional ao total de horas trabalhadas, sem que você tenha que se preocupar em maiores gastos com a manutenção de novos trabalhadores em tempo integral.

Você pode se interessar: 6 Exemplos de trabalho intermitente: veja como usar.

Regras do trabalho intermitente

  • Não continuidade da atividade;
  • Períodos de inatividade;
  • Registro em carteira de trabalho e eSocial;
  • Contrato intermitente com mais de um empregador;
  • Convocação com, no mínimo, 72 horas de antecedência;
  • Possibilidade de recusar as convocações;
  • Confirmação do chamado em, no máximo, 24 horas; 
  • Pagamento proporcional ao final da convocação;
  • Aplicação de multa por desistência após a confirmação da convocação para a parte desistente.

Trabalho intermitente x contrato usual x trabalho temporário

Trabalho intermitenteContrato integral/usualTrabalho temporário
Registro em CTPS e eSocial
Prazo de duração de contrato
De acordo com a demanda do empregador
Salário mensal
Salário proporcional e variável
Férias✅ (proporcional)✅ (proporcional)
13° salário✅ (proporcional)
Jornada de trabalho fixa
Carga horária fixa
Aviso Prévio✅ (indenizado)
DSR✅ (proporcional)
Seguro-desemprego
INSS e FGTS

Resumindo o trabalho intermitente

DúvidasRegras
O que é trabalho intermitente?Regime de trabalho descontínuo e esporádico que alterna entre os períodos de atividade e inatividade do profissional.
Quais as leis do trabalho intermitente?Lei 13.467, Portaria n° 671 e CLT.
Quais os direitos do trabalhador intermitente?• Contrato de trabalho;
• Assinatura da carteira de trabalho — física ou digital — e registro no eSocial;
• Salário;
• Férias proporcionais e com acréscimo de 1/3;
• Descanso semanal remunerado (DSR);
• 13º salário proporcional;
• Adicionais legais (horas extras, adicional noturno, etc);
• FGTS e INSS;
• Benefícios previdenciários;
• Aviso prévio.
Quais as regras do trabalho intermitente?• Não continuidade da atividade;
• Períodos de inatividade;
• Registro em carteira de trabalho e eSocial;
• Contrato intermitente com mais de um empregador;
• Convocação com, no mínimo, 72 horas de antecedência;
• Possibilidade de recusar as convocações;
• Confirmação do chamado em, no máximo, 24 horas; 
• Pagamento proporcional ao final da convocação;
• Aplicação de multa por desistência após a confirmação da convocação para a parte desistente.
Qual a vantagem do trabalho intermitente?Flexibilidade e autonomia, além da possibilidade de convocação pontual e esporádica de forma legal, para momentos de maior demanda
Como funciona o trabalho intermitente?Quando precisar da atividade, basta convocar o trabalhador intermitente contratado. O chamado deve ocorrer em até 72 horas anteriores ao início previsto, por qualquer meio de comunicação de acesso mútuo.

O profissional tem 24 horas para aceitar ou recusar, sem que isso acarrete rescisão contratual, insubordinação ou punições (a recusa da convocação é um de seus direitos).
Como é o pagamento no trabalho intermitente?Ao final da convocação, após o encerramento da atividade, e proporcional ao total de horas trabalhadas.

Além disso, há incidência de adicionais e descontos.
Quantas horas o intermitente pode trabalhar?Nos moldes legais da CLT, o limite é de 08 horas diárias e 44 semanais.

A gestão que você precisa para o trabalho intermitente

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  • Controle de jornada integrado ao ponto digital com biometria facial e geolocalização.
  • Emissão automática para recibos de pagamento ao final de cada dia trabalhado.
  • Chat interno para comunicação direta com os funcionários.
  • Históricos de aceites, convocações, aceites e documentos.
  • Suporte especialista em português nativo.
  • Melhorias contínuas na plataforma conforme as regulamentações vigentes da legislação trabalhista (Lei n.13.467), segurança de dados (LGPD) e muito mais.

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